Segunda, 8 de agosto de 2016
Enquanto vocês ficam se perguntando se devem cobrar ou não dos seus clientes pela consulta, tem gente que faz isso sem o menor drama de consciência, cobrando no cartão e de forma totalmente online.
Sem olhar no olho, sem perder horas conversando sobre o problema, sem ter o chato do cliente no pé após a consulta.
E, claro, a um precinho muito, mas muito amigável.
O site Jet Counsel faz isso ao reunir especialistas em um único lugar para satisfazer a curiosidade alheia.
Não são apenas dúvidas jurídicas, mas dúvidas em várias áreas do conhecimento::
Os internautas podem escolher seus especialistas, narrar seus problemas e escolher a forma como querem vê-las respondidas.
Rápido, fácil, indolor e bem baratinho:
Não preciso nem dizer que esses valores aviltam o que costuma ser estipulado nas tabelas de honorários. Trago como exemplo a tabela da OAB/DF:
112 ? CONSULTA
Verbal, em horário comercial (das 8h às 18h) ? VM 3 URH. Fora desse horário, acréscimo de 20 a 30%.
113 ? PARECER
Escrito ? VM 15 URH
Lembrando que a URH de agosto de 2016 no DF é de R$ 184,69 (cento e oitenta e quatro reais e sessenta e nove centavos).
O ponto é simples: cada vez mais serviços ligados à advocacia estão migrando para a internet, e, com isso, o mercado vai ficando cada vez mais inóspito.
Um sistema digital como este ganha dinheiro pelo volume de vendas, e por mais incompleta que seja uma análise, até porque não há o contato pessoal com o advogado, é tão fácil e tão barato que muitas pessoas podem ficar satisfeitas com a consulta.
Curiosamente, o advogado que presta a consultoria, ao menos antes do serviço ser contratado, não indica qual é a sua OAB.
Simples detalhe...
Outros sistemas de prestação online de serviços jurídicos já existem na internet. O mercado está sendo inundado por tais serviços.
Não vamos ser inocentes: a internet e a computação vão adentrar fundo na advocacia. É uma questão de tempo. O problema é a forma como isso será feito, por quem é feito e como a OAB vai fiscalizar esse tipo de serviço.
Ou não vai...
E não tenham dúvidas: o site do Jet Counsel não é ilegal. A forma como presta seu serviço é até questionável sob o ponto de vista da regulamentação da Ordem, mas ele não é ilegal, assim como muitos outros também não o são.
O problema é que ele concentra em si consultas que poderiam ser feitas para os advogados tradicionais, que abrem uma sala, distribuem cartões até em batizados de crianças, frequentam os eventos da OAB e levam anos para formar uma carteira de clientes. É uma disputa de mercado feroz e desigual. Culpa das novas tecnologias!
E a cada dia que passa outras soluções online e tecnológicas surgem, diante de um contexto de expansão do número de advogados. Simplesmente a conta não fecha.
Aliás, ela não fecha já tem um bom tempo.
Pergunta: o advogado tradicional está entrando em extinção, melhor dizendo, o modelo tradicional de advocacia está acabando?
Essa é uma tremenda de uma pergunta! Qual será o futuro da advocacia diante das novas tecnologias, e como os advogados, e a OAB, devem se pautar?
Como o mercado será disputado se existe cada vez mais ASSIMETRIAS TECNOLÓGICAS entre os profissionais?
Confesso: nunca vi uma seccional sequer discutir o futuro da advocacia sob este prisma, levando em conta que em breve teremos uma explosão de sites oferecendo serviços jurídicos online para o jurisdicionado. Sem contar aplicativos para celulares e por aí vai.
Isso não preocupa a OAB? Não preocupa os colegas?
Deveria, pois o futuro já chegou e tem muita gente que ainda não se deu conta disto.
Afinal, quem paga R$ 19,90 em um site não vai pagar R$ 300,00 ou R$ 400,00 em um escritório: ele não vai lá para se consultar, e sim para dizer o que quer.
É isso mesmo! Hoje o cliente tem a internet para se instruir ANTES de conversar com um advogado, e as informações na rede são extremamente abundantes. E ele não vai de mãos abanando perante um advogado sem saber minimamente o que quer, do que precisa e o que deve ser feito.
A consulta não deve dar grande feedback, mas quem se importa, se a busca primordial em qualquer mercado é sempre a do melhor preço? Para um grande especialista este tipo de mudança tecnológica não deve representar um grande problema, mas para a massa dos advogados, submetidos a demandas corriqueiras (mais ou menos rentáveis), representará um grande baque.
Em tempo: seremos 1 milhão de advogados neste ou no próximo mês, no máximo!