A importância da leitura nos estudos para concurso

Segunda, 3 de dezembro de 2012

Existem diversas formas de estudar e se apropriar intelectualmente de informações. Principalmente nos dias atuais, com os estudos voltados à preparação para concursos públicos, em função dos diversos recursos atualmente existentes, inclusive por conta do uso da tecnologia.

Porém, uma questão importante a exigir reflexão e cuidado é se a leitura, enquanto estratégia de estudo, está superada e perdeu importância.

Muitas pessoas avaliam se vale a pena estudar determinado livro observando o tamanho em termos de quantidade de páginas, seja por uma questão de otimização de tempo, seja por uma questão de preguiça intelectual. Cada vez mais os autores e editoras precisam trabalhar com diagramas, tabelas, figuras e os atualmente populares mapas mentais.

Nos dias de hoje muitas pessoas não querem saber de estudar por livros, só querendo ter contato com vídeos. E suspeito que muitos professores que somente transmitem conteúdo com vídeo estão perdendo a capacidade de escrever e transmitir conteúdo por meio de textos.

Não por acaso, a todo momento sou demandado e sugerido a transformar em vídeo o conteúdo que veiculo aqui no Blog por meio de textos. Aliás, muitos comentários que manifestam verdadeira preguiça para ler os textos do Blog são reveladores.

Independente de todas estas considerações, o fato é que muitas pessoas estão perdendo a capacidade e a disposição para a leitura. E acredito que a internet e a facilidade com a produção e veiculação de vídeos são fatores que contribuem com este cenário. Estão sendo criados verdadeiros analfabetos funcionais, ou seja, pessoas formalmente alfabetizadas, mas que contam com uma grande preguiça e dificuldade para ler e escrever, o que inviabiliza o uso destas funções.

No caso da preparação para concursos públicos, este fenômeno é bastante perigoso. Além disto, é importante que o a candidato compreenda a importância da leitura e se a sua capacidade de ler e escrever está se desenvolvendo e ampliando ou diminuindo.

Se você está com preguiça e sentindo dificuldade para se manter concentrado neste texto, tome muito cuidado! Você pode estar caminhando no sentido do analfabetismo funcional.

Já havia sido publicado aqui no Blog um texto abordando a importância da leitura comparativamente com a aula, de modo que não pretendo repetir tais considerações (clique aqui Leitura ou Aula: O que vale mais a pena?). Por outro lado, não estou propondo que o candidato se limite à leitura.

Mas para compreender a importância da leitura, primeiramente precisamos entender que esta atividade, segundo o neuropsicólogo Vitor da Fonseca, ??implica em processar letras que têm categorizações fonológicas específicas para serem decodificadas e compreendidas. De um processo de captação visual, o cérebro tem em seguida de categorizar formas de letra com sons, por meio de processos auditivos complexos a fim de inferir significações cognitivas contidas em palavras que compõe um texto? (Cognição, Neuropsicologia e Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 153).  Assim, a leitura exige uma intensa mobilização cognitiva. E isto impacta em ao menos dois sentidos.

O primeiro consiste nas repercussões sobre o processo de formação de memórias. Existem diversos fundamentos neurocientíficos, inclusive em termos neuro-bio-fisiológicos, para sustentar que a intensidade e consistência cognitiva da experiência de apropriação da informação vai impactar na eficácia da formação de memórias de longo prazo. E a leitura tende a se enquadrar neste conceito de processo consistente, inclusive pelo esforço intelectual exgido.

O segundo aspecto importante consiste no papel que a freqüência de leitura exerce sobre oganho da velocidade de leituraNão há fórmula mágica sem esforço para isto! Ainda que alguns tentem vender a solução para o sucesso sem esforço. A velocidade de leitura é determinada por uma variável semântica, relacionada ao conteúdo do texto lido e o quanto este é familiar, e a freqüência de leitura.

velocidade de leitura e capacidade de compreensão são de grande importância nas provas, principalmente em função da limitação de tempo para resolução.

Além disto, a leitura contribui com a capacidade de construção textos. Os absurdos escritos em provas de segunda fase do Exame da OAB, recentemente divulgados, são reveladores. E como professor que atua na preparação de candidatos para esta etapa, ao analisar recursos do exame, vejo com clareza a dificuldade que alguns alunos encontram para redigir e construir textos.

Mas também é preciso entender a diferença entre as leituras precárias e aquelas mais consistentes, as quais poderíamos enquadrar no conceito de estudo, o que foi objeto de abordagem em outro texto (clique aqui para ler Leitura e Estudo: existe diferença?).

Outra preocupação importante é fazer uma avaliação de custo-benefício, considerando outras técnicas de estudo como exercícios, aulas (presenciais ou on line), mapas mentais, esquemas, diagramas e outros, inclusive considerando o estilo cognitivo e de aprendizagemde cada um (clique aqui para ler sobre Estilos de Aprendizagem).

Mas a eliminação da leitura como forma de estudo terá suas conseqüências negativas. Infelizmente, uma delas será a criação de um exército de analfabetos funcionais.

Fonte: Blog Tuctor