Estagiários são eliminados de processos seletivos por terem redação ruim

Quarta, 8 de junho de 2016

Estagiários são eliminados de processos seletivos por terem redação ruim
Vejam só que notícia assombrosa: 40% dos estagiários são eliminados de processos seletivos por terem redação ruim. Reflexo, claro, de um sistema educacional péssimo!
Estagiários são eliminados de processos seletivos

Principal responsável pela eliminação de candidatos às vagas de estágio, o uso incorreto da língua portuguesa é justificado pelos jovens como "preguiça de ler".

Pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), mostrou que 40% dos estudantes são reprovados nas seleções para estágio por apresentarem maus resultados em testes ortográficos e redações.

Para entender porque os candidatos cometem tantos erros em português, o Nube fez uma pesquisa com 11,6 mil jovens de 15 e 26 anos, faixa etária com maior reprovação.

O principal motivo apontado pelos entrevistados para o uso incorreto do português é que "as pessoas têm preguiça de ler", a resposta foi dada por 32,7% dos participantes.

A segunda resposta mais dada pelos entrevistados foi "terem se acostumado com o português abreviado nas redes sociais", com 28,9%.

"Alguns se condicionam muito com esse tipo de 'escrita encurtada' e acabam por cometer erros, tanto na elaboração de algum texto, quanto no envio de um simples e-mail profissional", disse Erick Sperduti, coordenador de recrutamento e seleção do Nube.

Entre os entrevistados, 22,3% ainda disseram "não haver incentivo para a leitura no Brasil", 13,4% apontaram como causa a "baixa formação dos candidatos" e apenas 2,6% disseram acreditar que "as empresas exigem muito dos candidatos".

Fonte: Exame

Vejam que dramático: um estagiário de nível superior tem, em média, 2 anos até começar a vida profissional. Nem preciso dizer que a boa capacidade de leitura precisa ser desenvolvida no ensino médio (pelo menos). Já dentro da universidade essa deveria ser uma competência devidamente assimilada. E logo 40% dos estagiários são eliminados de processos seletivos, ou seja, não terão chance no mercado.

O que acontece quando chega o Exame de Ordem? O que acontece quando chega o momento de buscar uma vaga em um escritório? Reprovação e desemprego em massa.

Pior! A culpa pessoal raramente é reconhecida. A culpa é da OAB, a culpa é de um mercado saturado (aqui, ao menos, temos uma culpa compartilhavel).

O problema não é novo! Vejam só essa notícia sobre o nível de leitura dos universitários:

Sem cultivar o hábito da leitura, universitários brasileiros escrevem mal, afirma professor

A leitura é um pré-requisito para a produção da escrita. No entanto, muitos universitários ainda ignoram essa recomendação.

De acordo com uma pesquisa realizada no início desse ano com aproximadamente 20 mil estudantes de graduação de universidades federais, desenvolvida pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), nas universidades brasileiras cada aluno lê, em média, de uma a quatro obras por ano.

?Por meio da leitura se internalizam os mecanismos envolvidos na composição de um texto. Quem lê mal ou lê pouco não acumula conhecimentos, não dispõe do instrumental intelectual necessário à produção de um bom texto e não consegue mobilizar os recursos linguísticos que o ato de redigir exige. Seu repertório cultural fica limitado?, afirma o professor de língua portuguesa Antonio Carlos Olivieri, criador do site Página da Redação (www.paginadaredacao.com.br), que treina a produção de textos pela internet.

Olivieri compara essa relação entre leitura e escrita com o aprendizado de uma língua estrangeira:

?O primeiro passo é adquirir vocabulário e as estruturas básicas da frase nessa nova língua. Essa é uma fase, digamos assim, passiva do aprendizado e é depois dela que se passa à forma ativa, que é falar a língua estrangeira?, exemplifica. Ou seja, a leitura corresponde a esse aprendizado, sem o qual não pode haver a parte ativa, que é a da produção de textos.

Ainda de acordo com a pesquisa da Andifes, a Universidade Federal do Maranhão lidera o ranking dos universitários que não leem nada, com 23,24% dos seus estudantes sem ler um livro sequer ao longo de um ano.

?Diante deste lamentável quadro da leitura entre os universitários brasileiros, não é de espantar os níveis de reprovação de exames como os da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo?, conclui Olivieri.

Fonte: Planeta Educação

Ler, ainda mais para quem é do Direito, é uma obrigação permanente, desde a faculdade até a aposentadoria.

Não existe alternativa.