Sexta, 20 de abril de 2018
Na última terça eu publiquei um post sobre a autorização do MEC para a abertura de novas faculdades de Direito no país:
MEC autoriza mais 9 faculdades de Direito
Curiosamente, sempre temos uma profusão de novos cursos em anos eleitorais, e mais 9 faculdades não me pareceu ser o suficiente para saciar a ânsia das grandes mantenedoras.
Resolvi então fazer uma pesquisa no Diário Oficial da União para ver quantas novas vagas em cursos de Direito foram abertas de janeiro de 2018 até o dia de hoje.
Contei, claro, com a ajuda de alguns colaboradores, porque olhar sozinho tantos D.O.U. é uma tarefa bem ingrata.
Resultado: de janeiro até hoje, 20 de abril de 2018, o MEC autorizou a abertura de quase 11 mil vagas em cursos de Direito no Brasil.
Foi este mesmo governo que há poucos dias atrás suspendeu a abertura de novas vagas em cursos de Medicina.
Um detalhe curioso: Segundo o MEC, hoje existem 302 escolas de medicina autorizadas no país, em um total de 31.256 vagas autorizadas.
Parece mentira, mas o MEC em 4 meses autorizou a abertura de quase um terço do total de vagas existentes para Medicina somente para a graduação em Direito.
Isso que não entrou no cálculo o total de vagas autorizadas para os cursos de tecnólogos jurídicos, esse curso desprovido de razão de existir que já começou a dar dor de cabeça para os advogados.
Técnicos em Serviços Jurídicos já querem acabar com o Exame de Ordem
O interessante é que não existe uma viva alma no MEC capaz de explicar de forma lógica os motivos que levam o Brasil a precisar de tantas vagas em cursos jurídicos.
Isso quando já sabemos que o curso de Direito, desde 2016, já é a maior graduação do Brasil, de acordo com Censo da Educação Superior 2016 divulgado em 2017 pelo MEC.
Fonte: Direito é a maior graduação do Brasil segundo Censo da Educação Superior 2016
A verdade é que o Curso de Direito faz parte do business, do negócio da educação e a concessão de tantas vagas ocorre para atender às demandas do empresariado da educação.
Aliás, esse mesmo empresariado já perdeu a mão do mercado e está se devorando em uma competição feroz para ver quem consegue atrair mais alunos oferecendo mensalidades cada vez menores.
Depois alguns ficam surpresos quando grande grupos educacionais demitem centenas de professores de uma tacada só, para o ajuste com a nova CLT. Afinal, as contas precisam fechar, e a competição no mercado obriga os ajustes entre custo operacional, mão de obra e valor da mensalidade.
Aposto com vocês que daqui até outubro teremos a autorização para outras 10 mil vagas, mesmo mais.
Não existe hoje no Brasil uma política educacional séria para o ensino superior. O MEC e o CNE estão preocupados com qualquer coisa, menos com qualidade ou um projeto educacional sério voltado para o futuro do país.
O governo Temer está sendo um desastre na área educacional.