Sexta, 20 de outubro de 2017
Como é feita a análise dos recursos da prova subjetiva da OAB? Essa deve ser uma pergunta elementar a rondar rondar a cabeça de todos os que recorreram do resultado da 2ª fase do XXIII Exame.
Se vocês recorreram irão concordar com a afirmação que vou fazer agora: a análise inicial dos recursos não é nada boa, e falo isto em termos de qualidade.
A absurda reprovação por identificação na prova de Direito do Trabalho
Aconteceu algo de muito errado na prova de Civil
Quanto aos candidatos de Trabalho que tomaram zero, apenas digo para ficarem tranquilos, pois é altamente provável que suas provas sejam corrigidas, como já aduzi anteriormente aqui.
Quanto aos candidatos de Civil e demais disciplinas (incluindo os de trabalho que não foram zerados), na próxima terça teremos que encarar a verdade da FGV.
A principal falha dos corretores da FGV na análise dos recursos da prova subjetiva da OAB está em não enxergar nas provas as respostas que está convergindo com o espelho da prova.
E nós sabemos a dor de cabeça que isto está dando agora.
Dor de cabeça e medo, por certo.
Mas, por pior que seja a correção, os recursos costumam salvar alguns candidatos.
Sobre, isto, claro, já escrevi exaustivamente no tempo certo: agora é hora de esperar o resultado do trabalho.
E como é que a FGV analisa os recursos?
Como escrevi recentemente, esses são os números envolvidos na correção dos recursos na 2ª fase.
São 165 corretores que fazem a análise dos recursos da prova subjetiva da OAB. Os corretores são as pessoas mais amadas e odiadas pelos examinandos Brasil afora. Por 3 semanas as orações e pensamentos são direcionados para eles. A carga espiritual envolvida é intensa.
Aqui uma informação que muitos queriam saber, inclusive eu, e não tínhamos para quem perguntar: em cada 2ª fase são interpostos quase 44 mil recursos. Ou seja: praticamente quase todos que reprovam recorrem.
Fonte: Os números do Exame de Ordem
Está na cara, como a matemática não deixa dúvidas, que são poucos corretores para muitos recursos. Na realidade, cada corretor analisa, em média, 266,66 recursos.
Mas a análise não é tão linear assim como a matemática dá a entender. Existe uma metodologia interna da própria FGV que relativiza os números.
Primeiro que os corretores não analisam cada um a prova inteira. Isso não acontece.
Existe uma divisão da correção por grupos, sendo que estes grupos têm tamanhos variados em conformidade com a quantidade de recursos. Evidentemente, os dois maiores grupos são de Penal e Trabalho, pois essas disciplinas concentram a maior quantidade de examinandos.
Dentro de cada grupo temos corretores que só analisam a peça e outros que só analisam as questões. Isso é feito para evitar uma fadiga mental e permitir uma análise mais acurada de cada item.
Como a quantidade de recursos é grande e o número de corretores é pequeno, essa estrutura, típica de linha de montagem, serve para racionalizar o processo de correções e entregar a melhor análise possível.
Para tentar mitigá-las, a correção de tudo tem uma redundância, ou seja, nenhuma análise passa sem uma revisão.
Na próxima terça saberemos como foi a qualidade desta correção.
Lembrando que, ainda assim, se a análise não fizer justiça a vocês, temos como última instância administrativa a Ouvidoria. Mas vamos deixar isso para o momento certo.
E mais do que o momento certo, a forma correta.