Segunda, 10 de julho de 2017
Um vislumbre do futuro do ensino superior no Brasil foi revelado final da semana passada: a FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), com cerca de 70 mil alunos e 9 campi em São Paulo, anunciou a reformulação do curriculum de vários cursos de demitiu 220 professores.
Os cursos afetados foram o de administração, biomedicina, enfermagem, Direito, tecnologia em gestão de comércio exterior e tecnologia em hotelaria.
Uma ex-aluna de Direito da faculdade afirmou, em uma reportagem da Folha de São Paulo, que as aulas presenciais do curso passaram a acontecer somente entre segundas e quintas-feiras; as aulas de sexta-feira foram substituídas por aulas à distância.
Procurada pela Infomoney, a FMU enviou o seguinte posicionamento:
O Complexo Educacional FMU reafirma seu compromisso em proporcionar aos nossos estudantes uma formação acadêmica de qualidade, pautada pelas necessidades do mundo do trabalho e em total conformidade com a legislação estabelecida pelo órgão regulador do segmento, o MEC (Ministério da Educação).
Especificamente sobre os questionamentos levantados pelo InfoMoney, a FMU informa que:
Desde que ingressou na rede de educação Laureate, a FMU viu seus índices de qualidade acadêmica evoluírem em diversos aspectos, por exemplo: IGC contínuo (Índice Geral de Cursos) evoluiu de 2,4006 (em 2013) para 2,71 (em 2015 ? último dado divulgado pelo MEC). Além disso, nas avaliações in loco realizadas pelo MEC no último ano, a FMU obteve em 80% delas o conceito 4 (de uma escala de 1 a 5) e 20% conceito 3, sendo o Direito um curso com conceito 5 (máximo). Além de figurar entre as melhores instituições de ensino em rankings como o RUF (visão do empregador) e o Guia do Estudante.
A partir do segundo semestre de 2017 entrará em vigor a atualização do nosso modelo acadêmico para cursos das áreas Negócios, Direito e Saúde, cuidadosamente estruturado para garantir mais aderência às necessidades e desafios do mercado de trabalho, assim como proporcionar maior interdisciplinaridade e network aos seus alunos. Esse modelo acadêmico está completamente alinhado às DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) do MEC e segue tendências pedagógicas já consagradas, além de fazer uso de metodologias ativas de aprendizagem, que estimulam a autonomia e o desenvolvimento do estudante. Cabe também ressaltar que as IES possuem autonomia para alterar suas matrizes curriculares desde que os cursos observem as exigências de suas DCNs.
A respeito do desligamento de docentes, a FMU esclarece que a cada semestre é realizado o processo de avaliação do corpo docente, obedecendo rigorosamente a legislação do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). A partir dessa avaliação, respondida este semestre por 75% dos alunos, juntamente com informações relacionadas à desempenho, didática e assiduidade, a IES realiza movimentações do corpo docente, se necessário, seguindo estritamente a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
A demissão desses professores guarda estreita correlação com as reformulações no ensino superior no país, e a FMU apenas está iniciando um processo que irá se entender por todo o ensino superior, incluindo aí o curso de Direito.
Vem aí a graduação em Direito 100% EAD
Tem início uma nova era da graduação à distância
Se a conversão de apenas um dia da semana de aula presencial para EAD já rendeu a demissão de 220 professores, imaginem quando o EAD representar 100% das aulas.
O MEC, a serviço de um governo amplamente reformista (fazendo tudo a toque de caixa, diga-se de passagem) não vai parar até atender todos os pleitos do empresariado da educação.
Preparem-se porque neste segundo semestre teremos mais notícias ruins como esta.
Com informações da Infomoney.