Quinta, 6 de julho de 2017
O curso de Direito tem o maior número de estudantes universitários do Brasil. Esses são os últimos dados oficiais publicados pelo INEP, retirados do Censo da Educação Superior.
Trata-se de um considerável avanço perante outras graduações, mostrando a força da imagem que o curso consegue ainda projetar perante a sociedade e dentro do imaginário dos estudantes do ensino médio.
A evolução, comparada com o ano de 2015, não deixa dúvidas quanto ao aumento de prestígio do curso.
A razão disto, muito provavelmente, guarda forte correlação com a crise econômica e a visão de que um concurso público, hoje, é a melhor opção para quem quer ingressar no mercado.
O curso de Direito é o que melhor prepara os concurseiros, de um modo geral, para este tipo de disputa.
Os dados são referentes ao ano de 2015 mostram que temos no total 8.531.655 matrículas no ensino superior, sendo que Direito sozinho tem 853.221 alunos matriculados. Até 2013 o curso de administração dominava este ranking.
Curso de Direito é o preferido entre estudantes do ensino médio
As instituições de ensino particulares recebem o maior contingente destes estudantes. Estão matriculadas nas redes particulares 7.767.039 estudantes, enquanto que na rede pública temos 764.616 das matrículas.
A obtenção da 1ª colocação é o resultado natural de mais de 2 décadas de expansão irrefreada dos cursos de Direito. Em algum momento isso iria refletir quantitativamente nas estatísticas e colocar o Direito como maior curso do Brasil.
Assim evoluiu a gradação do número de instituições no país:
Esses dados ainda não trazem o impacto que as restrições feitas ao FIES em 2016 fizeram ao número de matriculados. Tanto o censo de 2015 como o de 2016, certamente, irão apresentar uma redução no número total de número de estudantes universitários do Brasil em razão da baixa de financiamentos.
Por outro lado, o atual governo tem se esforçado para aumentar a capacidade de financiamento do FIES.
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Devemos lembrar que no início de 2013 o MEC passou a represar a expansão das graduações em Direito em parceria com a OAB, quando o Ministro da Educação era do PT.
Mas agora, no governo Temer, e com a perspectiva do novo marco do ensino jurídico, a abertura de novas faculdades de Direito é algo que está na agenda do governo. Sei que existem, ao menos, mais 170 pedidos de abertura de novas faculdades somente esperando a nova resolução do ensino jurídico.
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Em um curto prazo, certamente, teremos um aumento no número de estudantes universitários do Brasil na área jurídica, e isso vai impactar no Exame de Ordem como um todo, talvez tornando a prova ainda mais difícil, única forma hoje de represar o crescente número de advogados registrado pela OAB. x
O futuro da prova da OAB: as novas disciplinas do Exame de Ordem
É impossível que tamanho crescimento não reflita no Exame de Ordem, até porque os responsáveis na OAB pelo Exame acompanham essa questão da graduação muito, mas muito de perto.
O curso de Direito tem hoje mais mulheres do que homens. São 471.674 estudantes do sexo feminino diante de 381.537 do sexo masculino. Curiosamente, e ainda assim, o curso é o que tem no total o maior número de estudantes do sexo masculino se comparado com as demais graduações.
No quadro dos advogados ainda temos a prevalência dos homens dentre os inscritos na OAB (497.397 mulheres e 537.843 homens), mas esta realidade deve mudar dentro da próxima década, pois há muito as mulheres são maioria tanto no ingresso na graduação como também nas estatísticas do Exame de Ordem.
Por outro lado, o gigantismo dos números cobra o seu tributo: a taxa de desistência do curso de Direito é altíssima: 48,1% dos ingressantes desistem do curso ao longo da graduação.
Não tenho dúvidas de que o Novo Marco do Ensino Jurídico, da forma como foi pensado, visa combater essa taxa de evasão. O objetivo, portanto, seria o de manter o estudante na faculdade e aumentar o faturamento em geral do curso.
Tem início uma nova era da graduação à distância
O sombrio futuro do mercado e ensino jurídico no país
Estamos falando aqui de um mercado bilionário, com forte lobby no legislativo e no executivo, com empresas cotadas na bolsa de valores que PRECISAM apresentar resultados positivos para os acionistas.
Esse crescimento todo, não se iludam, vai cobrar seu preço no futuro. Não consigo, no momento, antever de qual forma, mas isto é certo. Nenhum mercado cresce de forma indefinida e em algum momento, por pura saturação, o mercado vai refratar violentamente novos profissionais.
Isso, creio, deve vir a ocorrer daqui uns 10 anos ou um pouco mais. Para um futuro mais próximo viveremos um verdadeiro oba-oba nas graduações. O número de estudantes universitários do Brasil na área jurídica ainda vai passar por um processo de expansão, seja pelo aumento do número bruto de estudantes como também pela redução da taxa de desistência.
Mas como bem sabemos, a ressaca só vem depois da festa.