Terça, 13 de janeiro de 2015
A 2ª fase do Exame de Ordem sempre foi marcada por polêmicas, muitas polêmicas. Isso principalmente em razão dos seguintes aspectos:
1 - Peças práticas extremamente extensas;
2 - Enunciados de peças com mais de uma possibilidade de resposta;
3 - Erratas dadas com atraso durante a aplicação da prova;
4 - Tentativas de pegadinhas no enunciados das peças, para induzir o candidato ao erro;
5 - Péssimas correções das provas subjetivas;
6 - Fundamentos recursais ignorados.
Acho que, tirando umas 3 edições do Exame de Ordem Unificado, todas elas enfrentaram um desses problemas elencados.
A impressão que eu sempre tive, e isso porque acompanho de perto o Exame há muito tempo, além de intervir direta ou indiretamente em praticamente todos os episódios, é que aforma de reprovar seguia um caminho, digamos heterodoxo.
Isso sem deixar de mencionar a chamada "modulação de dificuldade", quando uma disciplina parecia crescer na preferência dos candidatos para ser alvo de um inesperado aumento em seu grau de dificuldade. Direito do Trabalho foi a primeira vítima desta lógica, logo quando a FGV estreou no Exame.
E, claro, a dificuldade em si das provas sempre também foi um obstáculo aos candidatos, passando um "upgrade" quando adicionamos a essa equação os problemas acima relacionados.
Mas, aparentemente (sempre aparentemente, porque o futuro só pertence a Deus), a lógica acima parece estar sendo abandonada.
Tanto no XIV como agora, no XV, as provas foram tecnicamente corretas, desprovidas de polêmicas quanto a formulação em si.
Claro! Vou descontar apenas a questão das péssimas correções das provas subjetivas e dos fundamentos recursais ignorados porque acho quase impossível isso melhorar mesmo.
Mas olhando para a formulação das dos enunciados e para a qualidade técnica das provas houve uma evidente melhora, e isso é excelente para todos.
E é também um alerta!
Um alerta bastante óbvio, redundante mesmo, mas que precisa ser feito: o filtro da 2ª fase será feito sobre os candidatos que NÃO se prepararem bem.
Conversando com alguns professores do Portal ficou a percepção de que as provas em si mesmas não foram, exatamente difíceis, não para quem ESTUDOU tudo e acompanhou de perto todas as aulas. O candidato bem preparado faz seu caminho até a aprovação; quem se preparou mais-ou-menos para a 2ª fase encontrou dificuldades e tende a ficar pelo caminho.
Absolutamente óbvio falar que o candidato tem de estar preparado para a prova, mas faço isso em função da percepção de que, aparentemente, a banca já está, desde a prova passada, empregando um grande zelo na construção da peça e das questões, e vai filtrar de forma ainda mais intensa os candidatos pela capacidade técnica deste em detrimento de falhas parecidas com as mencionadas no início deste texto.
Moral da história: a preparação para a 2ª fase, e de uma forma bem mais óbvia e intensa, dependerá muito da dedicação e aprofundamento no conteúdo por parte dos candidatos.
Estudar mais ou menos e contar com uma prova "mais fácil" ou "mais palatável" daqui em diante, e esta parece ser a tendência, não vai render frutos para os examinandos.
Qualquer um pode pegar as últimas provas aplicadas pelo CESPE, as provas do V ou VI Exames, aplicados pela FGV, e as duas últimas edições (XIV e XV) que vai perceber, nitidamente, diferença na construção dos enunciados, tanto pelo aspecto da qualidade como da dificuldade.
A distinção é nítida.
Isso decorre, éclaro, de um processo de amadurecimento da banca. Não raro, em algumas edições passadas (e bem recentes), podíamos ver muita gente boa pedindo a substituição da banca. Eu mesmo, em duas oportunidades, pedi isso, mas isso não é mais visto nem entre candidatos e nem entre professores. É um sinal bastante interessante de uma mudança de percepção sobre a qualidade, no geral, do Exame.
Inclusive as provas da 1ª também melhoraram muito em termos de qualidade, com uma queda acentuada do número de questões questionadas por cursos e candidatos.
Em suma: a natureza do filtro está mudando, e ela obriga os candidatos para uma única direção: estudar MAIS e estudar MELHOR!
Quem tem o Exame de Ordem na alça de mira em 2015 precisa se conscientizar disto e adotar as medidas adequadas para suplantar a prova.
Posso, evidentemente, queimar a língua ao surgir alguma falha no futuro próximo, mas depois do X Exame de Ordem, o Exame da confusão, a tendência de melhora na qualidade das provas é evidente.
Fiquem atentos a isto.