Terça, 5 de setembro de 2017
Desde o dia da prova objetiva do XXIII Exame venho tecendo uma série de avaliações sobre o aumento do rigor do Exame de Ordem, as nítidas mudanças na forma como a prova foi aplicada e quais seriam os desdobramentos disto para o futuro do Exame.
OAB impõe um forte reposicionamento no Exame de Ordem
A prova da OAB mudou, e a Ordem também
Tanto no resultado preliminar como no definitivo da 1ª fase apresentei em 1ª mão o tamanho do estrago da prova objetiva:
O tamanho do estrago do XXIII Exame de Ordem
A pior prova do Exame de Ordem de todos os tempos!
A redução de duas questões de Ética, o aumento (ainda suave, mas que será gradual) do número de questões interdisciplinares, a exploração de novos temas nunca antes cobrados e a sofisticação dos enunciados das questões provocaram uma reprovação de 86,65% ainda na 1ª fase, assombrando todos os envolvidos com a prova.
A postura da OAB, que em outras oportunidades mascarou reprovações semelhantes anulando de ofício algumas questões, foi completamente diferente desta vez: não houve receio algum em ocultar a pesada reprovação, e muito menos qualquer movimentação para anular qualquer questão.
A Ordem reprovou sem medo, e o fez de forma recorde.
Alguns dirigentes da Ordem já haviam "cantado a pedra" sobre as razões da mudança da postura da OAB.
A OAB sobre o Exame de Ordem: ?É hora de adotar medidas impopulares?
Mas agora o próprio presidente do Conselho Federal, Cláudio Lamachia, disse com todas as letras que o rigor da prova será mantido e que a culpa é exclusivamente das faculdades:
(...) Para Claudio Lamachia, presidente do Conselho Nacional da OAB, a queda no nível de aprovação se deve à liberação indiscriminada de cursos de Direito. Para ele, o rigor exigido é fundamental para proteção da sociedade e será mantido.
?A OAB tem insistido, há anos, para que haja mais rigor na aprovação e no acompanhamento das entidades aptas a oferecer a graduação em direito. O exame da OAB manterá seu nível de dificuldade. Para aumentar o índice de aprovação, é preciso combater a mercantilização do ensino e garantir que os cursos tenham qualidade à altura dos sonhos dos estudantes e das necessidades da sociedade?, disse Lamachia à ConJur. (...)
Fonte: Conjur
A matéria do Conjur apenas ratificou a visão do Blog quanto ao futuro da prova.
Não tenham dúvidas quanto ao aumento gradual do número de questões interdisciplinares e da manutenção, ao menos neste momento, do rigor da prova. A Ordem está nitidamente reagindo ao que considera uma mercantilização do ensino jurídico pelo MEC, e está receosa quanto ao aumento do número de bacharéis, não só pela reforma das diretrizes da graduação como também da liberação 100% do ensino jurídico à distância via EAD.
Vem aí a graduação em Direito 100% EAD
O sombrio futuro do mercado e ensino jurídico no país
Exclusivo: Principais pontos da proposta da nova diretriz dos cursos de Direito
O aumento do rigor do Exame de Ordem é uma espécie de resposta a política educacional do MEC e também uma tentativa de frear o crescimento do número de advogados. Hoje temos mais de 1 milhão de advogados regularmente inscritos no OAB, e isto assombrou a direção da Ordem.
Sob este prisma, fica o alerta: a preparação para a OAB tem de começar cada vez mais cedo e, principalmente, tem de ser de qualidade.
A era do estudo estratégico (a escolha de disciplinas específicas em detrimentos de outras), da preparação faltando apenas 2 meses para a prova e dos macetes está ficando para trás.
O candidato que adotar essas estratégias verá as chances de aprovação serem reduzidas drasticamente.