"Pós-graduação virou commodity". A nova visão do mercado sobre a formação profissional

Quinta, 25 de setembro de 2014

Já tem um bom tempo que afirmo: pós-graduação não é mais um fator de diferenciação no mercado de trabalho.

E não é porque o universo de pós-graduados não é mais tão restrito como antigamente. Na realidade, hoje ter uma pós é algo comum. Praticamente, logo após a graduação, os recém-formados já engatam uma pós.

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Vamos lembrar um conceito básico de economia: o valor está na raridade. Logo, o mercado passou a olhar para quem tem um mestrado ou doutorado, porque estes profissionais são mais raros.

Houve um deslocamento de interesse na busca dos profissionais, sempre caminhando para uma melhor qualificação e formação.

O estudo da Consultoria Produtive, especializada em preparar executivos, apesar de não ser específica para o mercado jurídico, revela uma realidade facilmente projetável para qualquer mercado profissional vinculado à educação superior, incluindo aí o Direito.

Os vencimentos (de fome) do chamado ?advogado audiencista? e a crise do mercado da advocacia

?A lei de mercado não pode ser a lei da selva?, ou, ?pode a OAB salvar os advogados de honorários pífios??

O texto abaixo, da Consultoria Produtive, é de fundamental importância para quem vai enfrentar o mercado de trabalho. Ele mostra como os futuros profissionais devem encarar as expectativas dos empregadores.

Confiram:

Pós-graduação virou commodity

Novo estudo da Produtive revela avanço na capacitação dos executivos e a relação direta com o nível de remuneração:

Com base em uma amostra de cerca de 400 executivos recolocados pela Produtive ? Carreira e Conexões com o Mercado nos primeiros sete meses deste ano e de 2013, a consultoria elaborou um levantamento que revelou o nível de capacitação dos profissionais das regiões sul e sudeste e a relação com as remunerações.

Nos anos 80, o diferencial era ser graduado. Na década de 90, se sobressaía no mercado quem tinha uma especialização. Desde então, a educação executiva não parou de evoluir.  Hoje, o diferencial é ter o mestrado e, em algumas posições, o doutorado passou a ser valorizado na hora da seleção para uma vaga. ?A pós-graduação, para o nível executivo, virou commodity. Para aumentar a trabalhabilidade, ou seja, a capacidade de se engajar em diferentes trabalhos, as pessoas perceberam que precisam investir em pós-graduações mais avançadas?, analisa Rafael Souto, CEO da Produtive.

O estudo da consultoria apontou que apenas 23% dos profissionais são apenas graduados. A grande maioria (68%) tem uma ou mais pós-graduações. Já aqueles que exibem os títulos de mestre e doutor representaram 9% da amostra. Na análise das remunerações desses executivos, verificou-se uma relação direta. No primeiro nível de capacitação (até a graduação), a remuneração média foi de R$ 5.812. O grupo com uma pós-graduação apresentou uma média de R$ 9.306 de salário. Aqueles com mais de uma pós obtiveram a média de R$ 12.801. E o grupo no topo do nível de capacitação (mestrado e doutorado) atingiu a remuneração média de R$ 13.804.

Quem fez essa ?escalada? no nível de capacitação, chegando a um mestrado ou doutorado, criou um plano B de carreira. A possibilidade de gerar renda por meio de um trabalho como professor universitário tem atraído muitos executivos. ?Entendemos que a carreira acadêmica é compatível com a executiva. É possível dar aula part time e, ainda assim, ocupar uma boa posição em uma companhia?, pondera Souto.

De fato, as empresas começaram a valorizar mais a integração entre a experiência prática e os estudos acadêmicos. Antigamente, as organizações achavam que o profissional estava ?perdendo? tempo quando retornava à sala de aula. Nesta visão, tais horas estavam sendo ?desviadas? da dedicação ao trabalho. Contemporaneamente, as companhias entenderam que, para aumentar sua competitividade, necessitam de profissionais diferenciados, que seguem se atualizando. Muitas empresas incentivam seus executivos e até bancam os estudos ou parte deles. ?Há um amadurecimento de ambos os lados. Os profissionais, preocupados em gerir da melhor forma sua carreira, buscam diferenciação por meio de capacitações mais avançadas. Já as empresas passaram a valorizar não apenas a prática e a técnica, mas também a vida acadêmica e até a pesquisa. Claro, ainda há um distanciamento entre as organizações as universidades. Mas isso tem melhorado ano a ano?, conclui Souto.

Fonte: Blog Produtive