Quarta, 27 de maio de 2015
No dia 13 de janeiro deste ano eu escrevi um texto, dois dias após a prova subjetiva, avisando sobre uma mudança no perfil da prova da 2ª fase do Exame de Ordem:
Pois é! Após a prova da 2ª fase aplicada no último domingo a minha percepção sobre um novo perfil da 2ª fase se concretizou, e a forma como as provas subjetivas são trabalhadas está um pouco diferente, revelando uma nova visão da FGV.
E o que foi que eu escrevi?
Vamos rever:
Uma mudança no perfil geral da 2ª fase do Exame de Ordem e a necessidade de reposicionamento dos examinandos
A 2ª fase do Exame de Ordem sempre foi marcada por polêmicas, muitas polêmicas. Isso principalmente em razão dos seguintes aspectos:
1 - Peças práticas extremamente extensas;
2 - Enunciados de peças com mais de uma possibilidade de resposta;
3 - Erratas dadas com atraso durante a aplicação da prova;
4 - Tentativas de pegadinhas no enunciados das peças, para induzir o candidato ao erro;
5 - Péssimas correções das provas subjetivas;
6 - Fundamentos recursais ignorados.
Acho que, tirando umas 3 edições do Exame de Ordem Unificado, todas elas enfrentaram um desses problemas elencados.
A impressão que eu sempre tive, e isso porque acompanho de perto o Exame há muito tempo, além de intervir direta ou indiretamente em praticamente todos os episódios, é que aforma de reprovar seguia um caminho, digamos heterodoxo.
Isso sem deixar de mencionar a chamada "modulação de dificuldade", quando uma disciplina parecia crescer na preferência dos candidatos para ser alvo de um inesperado aumento em seu grau de dificuldade. Direito do Trabalho foi a primeira vítima desta lógica, logo quando a FGV estreou no Exame.
E, claro, a dificuldade em si das provas sempre também foi um obstáculo aos candidatos, passando um "upgrade" quando adicionamos a essa equação os problemas acima relacionados.
Mas, aparentemente (sempre aparentemente, porque o futuro só pertence a Deus), a lógica acima parece estar sendo abandonada.
Tanto no XIV como agora, no XV, as provas foram tecnicamente corretas, desprovidas de polêmicas quanto a formulação em si.
Claro! Vou descontar apenas a questão das péssimas correções das provas subjetivas e dos fundamentos recursais ignorados porque acho quase impossível isso melhorar mesmo.
Mas olhando para a formulação das dos enunciados e para a qualidade técnica das provas houve uma evidente melhora, e isso é excelente para todos.
E é também um alerta!
Um alerta bastante óbvio, redundante mesmo, mas que precisa ser feito: o filtro da 2ª fase será feito sobre os candidatos que NÃO se prepararem bem.
Conversando com alguns professores do Portal ficou a percepção de que as provas em si mesmas não foram, exatamente difíceis, não para quem ESTUDOU tudo e acompanhou de perto todas as aulas. O candidato bem preparado faz seu caminho até a aprovação; quem se preparou mais-ou-menos para a 2ª fase encontrou dificuldades e tende a ficar pelo caminho.
Absolutamente óbvio falar que o candidato tem de estar preparado para a prova, mas faço isso em função da percepção de que, aparentemente, a banca já está, desde a prova passada, empregando um grande zelo na construção da peça e das questões, e vai filtrar de forma ainda mais intensa os candidatos pela capacidade técnica deste em detrimento de falhas parecidas com as mencionadas no início deste texto.
Moral da história: a preparação para a 2ª fase, e de uma forma bem mais óbvia e intensa, dependerá muito da dedicação e aprofundamento no conteúdo por parte dos candidatos.
Estudar mais ou menos e contar com uma prova "mais fácil" ou "mais palatável" daqui em diante, e esta parece ser a tendência, não vai render frutos para os examinandos.
Qualquer um pode pegar as últimas provas aplicadas pelo CESPE, as provas do V ou VI Exames, aplicados pela FGV, e as duas últimas edições (XIV e XV) que vai perceber, nitidamente, diferença na construção dos enunciados, tanto pelo aspecto da qualidade como da dificuldade.
A distinção é nítida.
Isso decorre, é claro, de um processo de amadurecimento da banca. Não raro, em algumas edições passadas (e bem recentes), podíamos ver muita gente boa pedindo a substituição da banca. Eu mesmo, em duas oportunidades, pedi isso, mas isso não é mais visto nem entre candidatos e nem entre professores. É um sinal bastante interessante de uma mudança de percepção sobre a qualidade, no geral, do Exame.
Inclusive as provas da 1ª também melhoraram muito em termos de qualidade, com uma queda acentuada do número de questões questionadas por cursos e candidatos.
Em suma: a natureza do filtro está mudando, e ela obriga os candidatos para uma única direção: estudar MAIS e estudar MELHOR!
Quem tem o Exame de Ordem na alça de mira em 2015 precisa se conscientizar disto e adotar as medidas adequadas para suplantar a prova.
Posso, evidentemente, queimar a língua ao surgir alguma falha no futuro próximo, mas depois do X Exame de Ordem, o Exame da confusão, a tendência de melhora na qualidade das provas é evidente.
Fiquem atentos a isto.
Pois bem...
Bem antes da prova eu já vinha avisando que esperava provas boas para os candidatos, confiante na percepção prévia da mudança do perfil da banca na estruturação das provas:
Duas semanas para a prova! Uma análise das últimas edições da 2ª fase
O que esperar da 2ª fase do XVI Exame de Ordem? Vai ser pancada igual a prova objetiva?
Nas provas do último dia 17 só tivemos um problema: a questão do erro do valor do salário mínimo, identificado em primeira mão pelo professor Penante, implicando em uma mudança do padrão já no dia seguinte ao da prova, em uma demonstração da preocupação da banca em mitigar o mais rapidamente possível qualquer polêmica mais acentuada:
XVI Exame de Ordem: Peça do Padrão de Resposta da prova de Empresarial está ERRADA!
E agora? O que a FGV vai fazer com a peça de Empresarial?
Penante é o cara! FGV modifica padrão da prova de Empresarial e aceita a Ação de Execução Forçada
Tirando isto, não tivemos queixas sobre as demais provas: foram consideradas justas.
É, pela 3ª vez, a repetição de um padrão por parte da banca.
Ou seja: temos diante de nós uma tendência no sentido de que a banca abandonou o modelo de apresentar armadilhas nas provas em benefícios de exigir ao menos que os candidatos estejam bem preparados.
Vamos somar A com B aqui!
Por que as provas da 2ª fase entraram em um padrão mais elevado de qualidade?
Primeiro porque caiu a ficha da FGV (e da OAB) que o grande calcanhar de Aquiles do Exame sempre foi a 2ª fase. Infelizmente tiveram que esperar até o fiasco do X Exame de Ordem para a ficha cair, e de lá até aqui uma série de mudanças (incluindo aí provimento novo e alterações no edital) surgiram para mitigar as polêmicas da 2ª fase.
Depois, em uma medida menor, a prova não precisaria de "artifícios" para reprovar por dois motivos:
1 - A prova da 1ª fase pode ser o filtro ideal, como foi a deste XVI Exame, que aprovou apenas 24% dos candidatos (e onde nenhuma questão foi anulada, independente dos problemas detectados);
2 - E a percepção de que não é preciso inventar muito para reprovar aproximadamente 50% dos candidatos:
Se esta média for observada agora, no XVI, então teremos, mais ou menos, um percentual de aprovação de 12% nesta edição, sem que tenha ocorrido nenhuma grande agitação, exceto, claro, pela falta de anulações na 1ª fase, que repercutem muito menos se comparadas com as falhas da 2ª. É moçada, o negócio é para profissionais mesmo! A OAB e a FGV descobriram que é possível reprovar sem fazer força!Pois é....tenso isso.
E agora?
Bom....uma vez superada a 1ª fase, uma boa preparação seria, ao meu ver, o caminho para a aprovação. Mas um caminho um tanto diferente se comparado com o passado: seria um caminho TRANQUILO.
Mais uma vez dou aqui o desconto das problemas nas correções, ainda não superados. Talvez nunca sejam...
Mas a era das peças imensas, das teses mirabolantes e das pegadinhas parece ter chegado ao fim. E não temos como não achar isso bom.
É ótimo!
Na próxima 2ª feira teremos a abertura das inscrições para a próxima edição da prova, e a escolha da 2ª fase é crucial para o sucesso final.
Comecem a pensar com calma a disciplina de 2ª fase, e trabalhem ela bem ao longo da preparação. Se a 1ª fase for superada, a 2ª, para o candidato dedicado, será mais tranquila.
Não digo que é fácil, porque nunca é, mas fica a única percepção: quem se prepara bem, de forma adequada, sorri ao final.
Em breve tratarei aqui da escolha da 2ª fase!