Domingo, 2 de abril de 2017
O pessoal da FGV deve passar o tempo matutando formas diferentes de complicar a vida dos examinandos. É a única conclusão que consigo tirar após mais uma edição da prova da OAB.
Na 2ª fase passada foi aquele carnaval com a incrível troca dos espelhos dos candidatos, no que resultou em uma tempestade de reclamações como nunca antes havia ocorrido. Agora, algo nem tão grave assim, mas totalmente desnecessário: a troca da ordem de apresentação das disciplinas.
Eu nem falaria nada se a prova da OAB, como a de concursos públicos, discriminasse explicitamente as disciplinas por ramo jurídico antes do rol seguinte de questões. Mas isso não acontece! Logo, a apresentação das questões dentro de uma tradição facilitava a busca topográfica das questões, o que ajudava os candidatos a adotarem uma estratégia.
Aliás, sobre isso, de seguir uma ordem específica de resolução das questões é algo que escrevo desde sempre nestes 9 anos do Blog. A ordenação das questões também era algo bem antigo aqui, e a dica era sempre segura.
Para que trocar?
Não duvido que a justificativa a ser apresentada será para ajudar a combater a cola, mas essa desculpa, me desculpa, não cola.
Cola dentro do Exame de Ordem é algo muito difícil, ESPECIALMENTE em uma sala com ao menos dois fiscais, afora a dificuldade de se esticar o pescoço para olhar a prova de um estranho. As colas no Exame costumam ser de pedaços de papel ou pontos eletrônicos.
Mas, vá lá, vamos aceitar a justificativa: por que não marcar o início de cada disciplina de forma clara para os examinandos?
Junte essa alteração com os já tradicionais enunciados quilométricos e pronto: tempo precioso desperdiçado!
Mas vamos admitir que seja só mimimi da minha parte. Afinal, as questões estão na prova e as disciplinas podem ser identificadas pelo seu conteúdo com alguma facilidade.
Sim, de fato podem. Mas quem conhece o estado de nervos dos candidatos sabe o quão sério é isso.
O emocional é um dos maiores responsáveis pela reprovação dos examinandos. Pode parecer mimimi, mas não é.
Para completar o balaio, Penal, Processo Penal, Empresarial e Processo do Trabalho vieram com um incomum grau de dificuldade.
Sim! Nós sabemos que a banca pode perfeitamente modular o grau de dificuldade ao seu gosto, mas escolheram logo as disciplinas mais populares entre os Examinandos. Penal e Trabalho congregam praticamente 2/3 dos examinandos.
É muita coincidência, não é?
A banca não poderia repetir a tragédia da 1ª fase do XXI Exame, então resolveu mexer alguns botões para empatar a vida dos candidatos.
Poxa! Como esse cara do blog é chato! Só faz reclamar!
Não é uma questão de ser chato. É tão somente perceber que NENHUMA mudança ou inovação tende a ser benéfica aos examinandos. Nem mesmo a repescagem, creiam-me, o foi.
Se forem fazer algo, façam, mas avisem antes: o edital está aí para isto.
E fica a dica: escolham a ordem de apresentação que vocês quiserem, mas separem os grupos das disciplinas entre si colocando um pequeno título antes de cada grupo. Isso por si só é o suficiente, e vocês ainda inibem as colas, se é que era essa a ideia de verdade...