Metade dos trabalhadores brasileiros com diploma universitário ganha até 4 salários mínimos

Segunda, 8 de setembro de 2014

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A Folha de São Paulo publicou hoje um estudo revelador sobre a faixa salarial dos brasileiros detentores de um diploma universitário.

Quase metade dos trabalhadores ganhavam, no máximo, 4 salários mínimos, sendo que a faixa de rende entre 2 ou 3 salários mínimos agrupava aproximadamente 16% dentre aqueles que possuem um diploma.

Apenas 36% daqueles que possuem mestrado e 23% dos que têm doutorado recebem acima da faixa de 4 salários mínimos.

Apenas 5,3 % dos diplomados recebem acima dos 20 salários mínimos, ou seja, R$ 14.480,00.

Entrevistado pela Folha, o economista Naercio Menezes filho afirmou que os salários pagos por carreiras com grande número de formados caiu.

Vejam a matéria completa no site da Folha:

Metade dos que tem diploma ganha até 4 salários mínimos

Esse estudo é bastante revelador quanto ao mercado profissional e as faixas de remuneração, em especial para a advocacia. A percepção dos baixos salários dos jovens advogados é algo antigo, mas ela faz parte, na realidade, de um contexto bem mais abrangente.

A baixa remuneração é uma condição, assim podemos dizer, sistêmica, própria da nossa economia, e afeta todo o universo de diplomados.

Isso tende a se tornar mais verdadeiro na medida em que a economia cresce pouco, absorvendo parcelas cada vez menores de jovens profissionais e achatando as faixas salariais.

Tivemos uma expansão no número de universidade e de universitários, mas não tivemos uma correlata expansão no mercado, como um todo, para absorver todo esse contingente.

Causa e consequência...

Não custa abordar um velho raciocínio: o que regula os preços é a lei da oferta e da procura - Lex Mercatoria. O sistema remuneratório da iniciativa privada segue um princípio bem elementar do capitalismo: o valor está na raridade.

A regra é simples: muitos advogados no mercado = remunerações mais baixas.

Os preços a serem pagos são o resultado final de um embate entre o capital e o prestador de serviço.

O contexto, este que determina os preços, é composto por alguns elementos básicos, descritos em uma equação simples: "uma saturação de profissionais que ocupam de forma homogênea um mesmo substrato. Ou seja, jovens diplomados, graduados ou com pós-graduação (foi-se o tempo que uma pós era um diferencial!), realizando um serviço em que muito no mercado podem fazer.

Essa lógica joga os valores pagos como remuneração naturalmente para baixo.

Em suma: trata-se de uma realidade de todo um mercado, no caso, o nosso. Curiosamente, uma grande faixa de diplomados tenta a sorte nos concursos públicos pois percebe que na iniciativa privada o mar não está para peixe.

Trata-se, certamente, do resultado de uma economia há muito estagnada. Sem um crescimento da atividade industrial, sem uma balança comercial superavitária, sem ampliação de mercados, o quadro tende a permanecer o mesmo por muito tempo.

E, como consequência lógica, as faixas salariais serão inexoravelmente achatadas.