Quinta, 6 de dezembro de 2012
Mais da metade dos estudantes que concluíram o curso de Medicina nas universidades de São Paulo não tem domínio de áreas básicas para exercer a profissão.
O resultado foi apresentado nesta quinta-feira, 6, pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), com base no resultado do exame de proficiência que passou a ser obrigatório neste ano. Dos 2.411 participantes, 54,5% não acertaram 60% das questões e foram reprovados.No total, 2.943 recém-formados se inscreveram no Exame do Cremesp. Desses, 71 (2,5%) não compareceram. O Cremesp ainda identificou que 119 alunos boicotaram as provas, sendo que 86 responderam letra "b" em todas as questões, e 33 apresentaram outros padrões inconsistentes de respostas. As provas invalidadas não foram consideradas na apuração dos resultados.
O mau desempenho no exame não impede que o candidato obtenha o registro junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), uma vez que não há ainda uma legislação específica, tal como ocorre com o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A prova contou com 120 questões objetivas de múltipla escolha que abrangem problemas comuns da prática médica, de diagnóstico, tratamento e outras situações, em nove áreas básicas: clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde mental, epidemiologia, ciências básicas e bioética. A nota de corte utilizada pelo Cremesp é 6, ou seja, para aprovação o participante deveria acertar pelo menos 72 questões. O exame foi aplicado pela Fundação Carlos Chagas.
No resultado do exame, verificou-se que a média (percentual de acertos da prova) foi maior entre os cursos de Medicina públicos (63,74% de acertos). Nas instituições privadas, esse índice foi de 54,38%.
As notas individuais serão encaminhadas confidencialmente a cada participante. As escolas médicas terão um relatório pormenorizado de desempenho de seus alunos por área do conhecimento, preservando a identidade dos formandos. Também receberão relatório sobre o Exame do Cremesp os Ministérios da Educação e da Saúde, o Conselho Federal de Medicina, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Fonte:
Imaginem se resolvem aplicar exames de proficiência em todos os cursos superiores. Que raio-x do ensino superior poderíamos retirar?
A resposta é óbvia:
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Só não vê quem não quer.
O problema sentido hoje no ensino superior começa no ensino de base, o ensino fundamental, prossegue no ensino médio e desemboca no sistema mercantilista e desprovidos de critérios de seleção do ensino superior, cujo foco no lucro sobrepõe ao interesse em formar adequadamente.
Considerando ainda o plano do Governo Federal em aumentar o número de universitários dos atuais 6 milhões para 10 milhões em 2020, mais preocupado em atender a metas gerais de escolarização do que com a qualidade do ensino em si, a implementação de exames de classe será mera consequência.
Vamos ver como a queda de braço em torno do Exame de Ordem orientará este debate.
P.S. Há de se considerar também que hoje o exame do CREMESP é opcional, mas diante de números tão alarmantes, e sua naturais implicações, será inevitável que o exame passe a ser condição sine qua non de inscrição nos quadros dos conselhos de medicina.