Instabilidade estatística do Exame de Ordem preocupa

Terça, 24 de janeiro de 2017

Instabilidade estatística do Exame de Ordem preocupa

A estatística do Exame de Ordem, curiosamente, aparece como base para a resposta a perguntas corriqueiras, tal como a que eu recebi ontem de uma futura candidata: ?o que esperar da próxima 1ª fase??

Sinto-me obrigado a, como sempre, ser honesto nas minhas palavras e assumir uma resposta desagradável para quem acompanha o Exame de Ordem a tanto tempo: infelizmente não sei.

Antes da prova passada eu escrevi aqui sobre a projeção do futuro grau de dificuldade, e vaticinei: será parecida com a última prova (do XX Exame).

Como vocês sabem, eu errei: a prova foi MUITO pior do que a última prova.

Na realidade ela foi a 2ª pior prova de todos os tempos em termos estatísticos, só perdendo para a prova do IX Exame.

No IX Exame tivemos, antes das anulações, apenas 7% de aprovação. A coisa foi tão feia que a banca, pela primeira vez, não divulgou a lista preliminar de aprovados, divulgando a definitiva já com 3 anulações.

Agora, no XXI, a situação foi parecida: a banca não divulgou a lista preliminar no dia, deixando-a para o dia seguinte, junto com 2 anulações.

A reprovação na última primeira fase deve ter ficado na casa dos 90%, descontando as anuladas, mas ainda não tive como confirmar essa impressão.

Uma verdade sobre TODAS as provas do Exame de Ordem desde 2008: NUNCA tivemos, seja na 1ªfase ou na 2ª, um padrão que tenha perdurado por ao menos 3 edições seguidas. Ou a prova da 1ª fase muda ou a da 2ª fase passa por alterações.

Não existe estabilidade duradoura no grau de dificuldade no Exame de Ordem. As provas sempre passam por variações.

Bom, a bem da verdade havia uma estabilidade que deixou de existir há uns 3 anos, mais ou menos. Quando vinha uma primeira fase cascuda, a 2ª era tranquila, e vice-versa. Isso acabou...até o último domingo, pois a OAB "readotou" essa prática.

Sim! Curiosamente, após muito tempo, a FGV trouxe de volta a ?modulação? no grau de dificuldade da prova, abandonada há muito tempo. Como a 1ª fase foi o apocalipse, a  2ª está sendo considerada bem razoável por todos, mais fácil, seguramente, que a 2ª fase anterior.

As estatísticas do Exame de Ordem podem variar em função do contexto!

Isso, seguramente, é ruim para o Exame de Ordem. Abre margem para críticas, em especial para se sustentar a tese de que a prova é feita sem a adoção de critérios técnicos claros. Feita ao ?sabor dos ventos? e do humor da banca.

Isso é errado!

A próxima 1ª fase, portanto, pode ser uma emulação da 1ª fase do XXI Exame ou pode ser mais fácil, em alguma medida.

Repetir a dificuldade do XXI Exame eu acho bem difícil, pois tamanha reprovação expôs a OAB e a obrigou a agir de ofício. A experiência, e o stress, para a atual coordenação do Exame não deve ter sido boa.

Aqui um detalhe interessante: a OAB não faz a prova, e sim a FGV. E eu sei que entre ambas existem certas ?lacunas argumentativas? e também ?discordâncias de entendimento?. Nada muito grave, é verdade, mas seguramente algo apto a gerar descompassos na condução da prova.

A 2ª fase do XXI Exame terá 39.269 candidatos. O que isso pode representar?

Eu duvido que a OAB tenha dado qualquer ordem para apertar na prova passada, É mais provável que mudanças na composição da banca responsável por elaborar as questões tenham impactado na formulação dos enunciados e no grau de dificuldade da 1ª fase.

Aprenderam a lição? Vão pegar mais leve na próxima vez?

Difícil saber.

É preciso existir um equilíbrio real entre as provas objetivas e subjetivas.

Eu arrisco dizer que a chance de termos uma prova mais razoável é grande, mas não dá para botar a mão no fogo.

Moral da história: a prova do XXI Exame deve ser usada como a última baliza de avaliação para os futuros examinandos do XXII Exame. Se em um simulado com aquelas questões o candidato conseguir os 40 pontos, é porque ele está em um patamar no mínimo adequado de preparação. A prova foi tão ruim que é possível afirmar isso com uma boa margem de segurança.

Inclusive seria bom deixar para resolvê-la quando faltar um mês ou 3 semanas para a próxima prova. Usar aquelas questões como ponto de referência parece-me o adequado para quem quer ter a certeza do sucesso de forma antecipada para o XXII Exame.

Preparem-se para o pior, mas com a expectativa de uma prova mais justa desta vez. Parece ser a melhor perspectiva para a próxima prova.