Formados em Direito têm os maiores salários entre as 10 carreiras mais procuradas no Sisu

Sexta, 27 de outubro de 2017

Formados em Direito têm os maiores salários entre as 10 carreiras mais procuradas no Sisu

A expectativa de salário e a progressão do valor na carreira são aspectos visados por vestibulandos no momento de escolher uma profissão. Os Formados em Direito têm os maiores salários e disparam na frente das carreiras dos 10 cursos com maior número de matrículas e formados, de acordo com pesquisa feita pela empresa de ciência de dados IDados. O curso também apresenta maior progressão financeira: do salário inicial para o médio da carreira, o crescimento é de 195%.

A pedido do G1, o IDados se baseou em números fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para analisar as remunerações dos 10 cursos mais procurados por estudantes.

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De acordo com o Inep, 48,3% das matrículas no ensino superior se concentram em 10 graduações: administração, ciências biológicas, ciências contábeis, direito, educação física, enfermagem, engenharia civil, medicina, pedagogia e psicologia. A parcela de formaturas nesses cursos é similar, com 48,7% dos concluintes sendo diplomados nessas áreas.

No Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTE, a pesquisadora responsável pelo levantamento, Thaís Barcellos pegou os dados de contratação e de criação de vagas nos últimos três anos. Ainda no MTE, ela consultou a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), para obter dados de remunerações nas carreiras.

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A pesquisa analisou a remuneração média das 10 profissões em 2005, 2010 e em 2015. Nesse período, três carreiras apresentam os salários mais altos: direito, engenharia civil e medicina. Em 2015, elas eram remuneradas, em média, com R$ 10.763, R$ 8.963,31 e R$ 8.522,84, respectivamente.

A evolução dos salários ao longo dos anos, no entanto, foi melhor em outras carreiras. Os biólogos, que em 2005 ganhavam em média R$ 2.212,94, registravam salários de R$ 4.877,86 uma década depois. "Esse salto da biologia me surpreendeu muito. Em 2005, tinham mais biólogos empregados do que em 2010, quando foi estabelecido um piso salarial como o da engenharia. O salário aumentou bastante, mas a quantidade de biólogos estatutários é menor. Talvez a profissão seja melhor remunerada, mas se contrata menos", avalia a pesquisadora.

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Outros cursos, como educação física, pedagogia e psicologia apresentam salários com pouca variação ao longo dos anos. Oito das 10 carreiras tiveram aumentos variados, mas educação física e administração tiveram reduções salariais em relação a 2005. As contratações nas duas carreiras, no entanto, aumentaram, entre 2015 e 2017, em 168% e em 201%, respectivamente. Empregabilidade

A promessa de um bom salário nem sempre é o que determina a escolha por uma profissão: o número de contratações por carreira também é um critério. O IDados analisou o número de vagas das 10 carreiras nos primeiros trimestres de 2015, 2016 e de 2017, cruzando as contratações com as demissões. Houve um aumento na criação de vagas neste ano, em relação ao período anterior, em oito profissões: apenas ciências contábeis e enfermagem demitiram mais do que contrataram no primeiro trimestre de 201 em relação ao mesmo período de 2016.

A carreira que mais emprega, disparando na frente das outras, é pedagogia: mesmo havendo redução ao longo dos três anos analisados, 16.228 novas pessoas foram contratadas no primeiro trimestre deste ano, contra 1.890 novos profissionais de educação física, o segundo número na lista. "Olhamos apenas para o início do ano, que é o período que tem maior movimentação de vagas na área de pedagogia. Ainda assim, dá para ver uma melhora no mercado. Os dados negativos estão ficando cada vez menos negativos. É um dado relativamente estável", comenta a pesquisadora.

Em seguida, a pesquisadora cruzou os dados de salários iniciais com a média de admissões. A média nacional para pessoas com ensino superior em início de carreira é de R$ 2.948,61. Os números mostram que, apesar do altíssimo índice de contratações em pedagogia, a média de salário inicial é das mais baixas, começando em R$ 1.822,46. Atrás da carreira, fica apenas educação física, com salário para recém-formados de, em média, R$ 1.642,21.

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Com uma das taxas mais baixas de contratação, engenharia civil tem o salário inicial mais alto da pesquisa: R$ 6.533,24. Embora o número de formandos seja alto, a maioria não é contratada formalmente como engenheiros, mas como analistas. "Pode ser que o candidato decida por estudar alguma engenharia, que, apesar de contratar menos, tem salários maiores", pondera Thaís.

Crescimento

Por fim, a análise de dados levou em conta a progressão salarial ao longo da carreira. Ao colocar os salários médios contra os iniciais do ano de 2015, a pesquisa mostra que muitas profissões bastante visadas não têm muita variação ao longo dos anos. É o caso de engenharia, que apesar de ter um salário inicial alto em comparação com os outros cursos, não tem uma progressão significativa: o valor médio da remuneração na profissão é de R$ 8.963,31, contra os R$ 6.481,79 iniciais, registrados naquele ano.

Formados em Direito têm os maiores salários

"Engenharia tem um salário inicial muito alto, mas a remuneração média não se altera muito. Acontece com medicina também, em que o profissional começa a carreira ganhando bastante, mas não tem muita alteração. Surpreendente é o direito! Tem um salário de admissão muito baixo, mas no decorrer da carreira aumenta consideravelmente", avalia a pesquisadora. A média inicial de direito era, em 2015, de R$ 3.646,86, e a média total chega a R$ 10.763.

Fonte: G1