Terça, 20 de março de 2018
Todos os candidatos sempre perguntam a mesma coisa: como será a próxima prova objetiva da OAB?
E a pergunta faz sentido, pois de fato existe uma séria oscilação do grau de dificuldade entre uma edição e outra da prova.
A primeira fase do XXIII, por exemplo, foi a pior de todos os tempos, com uma aprovação pífia de 13,35%, ou seja, 86,65% de reprovação. E isso ainda na 1ª fase.
Já a prova do XXIV tivemos 47.693 candidatos aprovados na primeira fase, aproximadamente 37% de aprovação.
A discrepância é nítida!
As provas do XX e XIX Exames foram difíceis, mas consideradas racionais. Essas provas foram bem elaboradas e não geraram controvérsias entre os candidatos.
Aí veio o XXI Exame, o prenúncio de que as coisas iriam piorar!
A primeira fase do XXI foi só terceira pior prova de todos os tempos, com 17,09% de aprovação (estatísticas exclusivas do Blog), contando com 2 anuladas de ofício. Se não fossem as anuladas, teria sido pior inclusive do que a do XXIII. Essa reprovação, sem as duas anulações de ofício, é desconhecida, mas foi bem pesada. Com a divulgação da lista de aprovados tivemos 20.510 examinandos aprovados. Ou seja, o percentual de aprovação foi de 17,09%. Um percentual digno de DUAS fases da OAB, e não só de uma. A aprovação sem as anuladas deve ter ficado na casa dos 12%. Ou seja, pior que a prova do XXIII.
Na sequência, veio o XXII Exame, e tudo foi uma "maravilha", ao menos dentro da lógica da OAB. Uma primeira fase boa, sem maiores reclamações e com uma aprovação bem razoável.
Mas aí veio o XXIII Exame, e a devastação foi sem precedentes!
Primeiro tivemos uma alteração de alto impacto na prova: a redução das questões de Ética Profissional, de 10 para 8.
Essa única medida, por si só, já produziu grande parte do estrago na 1ª fase. Isso porque Ética sempre foi (e ainda é) o porto seguro de todos os candidatos, ESPECIALMENTE os que são aprovados ali com 40 ou 41 pontos. Mas com a redução a margem de aprovação geral naturalmente cai sem que a Ordem precise fazer força alguma para isto.
Direitos Humanos também perdeu uma questão. Com isso Processo Penal, Processo Civil e Tributário ganharam, cada, mais uma questão.
Depois foram várias questões interdisciplinares, mais complexas do que o habitual e que também prejudicou muita gente.
E, claro, enunciados mais intricados e extensos se comparados com as edições anteriores.
Imaginamos então que a prova do XXIV seria bem complicada, mas acabou não sendo. Na verdade, se comparada com a do XXIII, ela foi uma mãe.
Vejamos como poderá ser a prova do XXV Exame de Ordem após condensarmos o que observamos e sabemos até agora.
As duas grandes balizas para vocês avaliarem se estarão prontos para o XXV Exame são as provas do XXI e do XXIII. Em termos de complexidade, e também sob a ótica da contemporaneidade, são as melhores balizas para vocês se sentirem seguros para a próxima prova.
XXIII
XXI
A interdisciplinariedade, que prometia vir com tudo no XXIV, mal apareceu, quebrando as expectativas. Não dá para saber se será bem explorada no XXV.
Interpretar bem os enunciados passou a ser vital no Exame, especialmente porque a FGV já definiu que todas as questões agora são problematizadoras, ou seja, questões com o relato de uma situação-problema para o candidato apresentar a solução jurídica cabível à hipótese.
Um dos grande problemas do Exame de Ordem é não ter exatamente nenhuma consistência estatística. Ou seja, não dá para projetar o que vai acontecer em uma edição vindoura com base nas provas passadas. É bem verdade que ultimamente estamos vendo uma alternância no grau de dificuldade das provas, oscilando entre o fácil e o difícil, na seguinte lógica:
XIX - Fácil
XX - Mediana
XXI - Difícil
XXII - Fácil
XXIII - Difícil
XXIV - Fácil
XXV - ?
Mas essa ordem de oscilação é muito recente e não dá para se fiar em sua lógica. Até era assim há uns 5 anos atrás, mas depois tudo ficou bastante nebuloso, sem uma sequência clara de oscilação. A partir do XXI que essa sequência teve início e ela pode ser alterada a qualquer momento.
Mas, é claro, trata-se basicamente de uma análise da minha parte, e não de uma afirmação taxativa. E digo isso porque não se pode esperar da FGV algo que ela não aprendeu a fazer mesmo após 7 anos aplicando o Exame de Ordem: aplicar uma prova previsível e linear.
Por algum motivo misterioso a FGV não consegue impor um padrão, mesmo após todos esses anos.
Só há uma justificativa para tanta assimetria: a FGV, de propósito, cria flutuações estatística na prova.
É a única justificativa para tantas provas diferentes em suas complexidades. E só a FGV pode responder a essa pergunta.
De toda forma, mantemos a premissa básica: preparem-se para o pior!