Terça, 13 de março de 2018
Um receio que preocupa muitos candidatos, especialmente os que ficam mais nervosos: Como evitar esquecer o conteúdo na hora da prova?
Todos, em algum momento da vida, enfrentaram o famoso "branco na prova"! Aquele momento em que a informação que se julgava saber simplesmente desaparece lá dentro do nosso cérebro, e nada consegue recuperá-la.
O branco na prova é um dos temores dos examinandos, pois estes ficam sob grande pressão na véspera da prova. Aliás, talvez o Exame de Ordem seja a prova que mais vulnera o emocional entre todos os tipos de provas existentes no Brasil. Índices de reprovação altos, pressão familiar, social e pessoal.
Não é brincadeira!
O pesquisador em psicobiologia e especialista em memória, Cleanto Rogério Rego Fernandes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explicou em uma matéria para o Guia do Estudante como funciona o processo do "branco".
O bloqueio geralmente ocorre em situações estressoras. Nessas situações, as glândulas adrenais (que ficam logo acima dos rins) liberam o hormônio cortisol na corrente sanguínea. Esse hormônio irá promover alterações no funcionamento de várias partes do corpo, inclusive o cérebro. Isso afeta as funções cognitivas e, no caso da memória, prejudica a recordação. É natural que tenhamos dificuldade de lembrar algo quando estamos numa situação de estresse. Isso faz parte do repertório de alterações fisiológicas e cognitivas que apresentamos nessas situações, as quais incluem também taquicardia (coração acelerado), boca seca e sudorese (especialmente na palma das mãos).
Ainda segundo Cleanto, o episódio de esquecimento pode durar entre 1 ou 2 minutos até alguns dias, dependendo do grau de stress sofrido por quem vai se submeter a uma prova.
Ou seja: o "branco na prova" é um resposta fisiológica normal e ocorre dentro de um contexto específico. É um fenômeno real e está vinculado ao stress e a ansiedade.
Trabalhar efetivamente o aspecto psicológico, estabelecer segurança e confiança quanto ao desempenho na prova deve ser algo pensado e trabalhado desde agora. Há um pano de fundo de ordem fisiológica e o trabalho emocional deve ser visto com seriedade.
Para evitar isso, o melhor é adotar estratégias que evitem um episódio agudo de estresse durante a prova. Nesse sentido, é fundamental que o estudante tenha uma boa noite de sono nos dias que antecedem o exame, especialmente na véspera. O sono, além de ter um efeito relaxante sobre o indivíduo no dia seguinte, é indispensável para que o conteúdo estudado torne-se uma memória estável e duradoura. Exercício físico também pode aliviar o estresse.
Dormir é algo SÉRIO e muitas vezes ignorado por aqueles que querem estudar o máximo achando que estão ganhando com isso.
Não estão!
O sono faz parte do processo de fixação de conteúdo e não pode ser negligenciado. Tal como ponderei, ter mais tempo de estudo em razão do uso de estimulantes para ficar mais tempo estudando não é garantia de ter um MELHOR tempo de estudo e aprendizagem. O equilíbrio está em ter uma rotina saudável de estudo, mesmo na véspera de uma prova.
Segue uma dica óbvia para dar qualidade aos estudos nesta reta final:
Caso o candidato fique saturado, extenuado mesmo, dê uma pausa para se recompor. Após algumas horas de estudo, tire meia ou uma hora para outra atividade e tente recobrar o foco. Cronometre o tempo da pausa para não se perder em qualquer outra atividade.
O Dr. Cleanto, na entrevista, deixou mais de uma vez clara que a privação do sono é péssimo para o organismo e para um bom desempenho na prova:
"Estudantes devem sempre evitar privação de sono, isso é péssimo para a memória; também devem evitar o exagero na hora de consumir cafeína e, nos caso dos mais ansiosos, considerar não ingerir."
Eu sempre destaco essa questão do sono porque é comum, especialmente entre os vestibulandos, a prática de "virar a noite" estudando.
Além de prejudicial à saúde, isso impede a consolidação da memória para um longo prazo. O melhor a fazer é estudar durante o dia e dormir as horas que o corpo exigir durante a noite, permitindo assim que a informação torne-se um traço permanente em nossa memória, e portanto acessível meses ou anos depois. Sem o sono, a memória tende a durar pouco e logo ser esquecida."
Curiosamente, a cafeína, junto com outras substâncias, é uma entre as relacionadas como inibidores de sono, apta a produzir os efeitos descritos acima. E a cafeína, como sabemos, é a substância mais fácil de ser consumida.
"Como disse, na maioria das vezes o branco desaparece e a informação antes bloqueada fica acessível à recordação após poucos minutos. É importante que o estudante esteja ciente de que ele não esqueceu: o conteúdo está em seu cérebro, mas temporariamente inacessível; portanto, sem pânico! Sendo assim, ele pode partir para outra questão e depois, quando provavelmente estiver mais relaxado, retornar à questão inicial. Se na ocasião a pessoa conseguir lembrar algo, por mais geral ou pouco que seja, será útil pensar ou escrever a respeito. A nossa memória funciona como uma rede de informações conectadas entre si. Então, quando o estudante elabora uma parte do conteúdo, ele está ativando uma parte dessa rede em seu cérebro, o que, por sua vez, facilita a ativação de toda a rede e a recordação do conteúdo completo."
Aqui um ponto importantíssimo e que sempre destaco: o ideal, sempre, é começar a prova exatamente pelas disciplinas mais fáceis, para depois ir para as mais difíceis. O professor Cleanto apresentou mais uma informação relevante para corroborar essa técnica: a ativação da rede neural e a consequente evocação do conteúdo exigido.
Essa prática, e eu já sabia disso, POTENCIALIZA o desempenho do candidato, tende a acalmá-lo e, vejam só, ajuda a elidir o surgimento do branco.
Daqui até o dia da prova vocês tem uma missão bem simples: estudar nos horários certos, evitar o uso de substâncias inibidoras do sono, dormir bem e trabalhar a autoconfiança. Com essas práticas simples a possibilidade do "branco" surgir cai drasticamente.
E, no dia da prova, usar a metodologia CERTA para resolvê-la, coisa que abordarei na véspera da prova aqui no Blog.
Em suma: sem dramas!
Com informações do Guia do Estudante.