Quarta, 17 de abril de 2013
Não é apenas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que os estudantes cometem erros absurdos de ortografia. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), alunos que estão se formando no ensino superior cometem desvios tão ou mais graves como ?egnorancia?, ?precarea? e ?bule? (bullying).
Enquanto a nota do Enem é usada como forma de verificar o aprendizado nas escolas e classificar estudantes para o ingresso em universidades públicas, o Enade analisa o rendimento dos alunos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos seus cursos. A prova, porém, não é classificatória nem eliminatória. Mesmo quem tirar zero ou deixar o exame em branco não será impedido de colar grau. Isso ocorre apenas se o estudante não comparecer ao exame.
A partir do desempenho na prova, o Inep elabora a avaliação de cada curso, levando em consideração também a infraestrutura da faculdade e o corpo docente. No Conceito Preliminar de Curso (CPC), por exemplo, a faculdade precisa ter, ao menos, nota 3 para ser considerada satisfatória. A escala vai de 1 a 5. Todo ano, diferentes faculdades são avaliadas.
Para os cursos com conceito insatisfatório, o MEC estabelece medidas obrigatórias, como ingressos interrompidos, redução de vagas e assinatura de compromisso e plano de melhorias detalhado.
Medida paliativa
Pós-doutor em Linguística Aplicada e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto considera gravíssimo o exercício de qualquer profissão sem o conhecimento da língua portuguesa.
Uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios mostrou que erros de português são o principal motivo de reprovação em processos seletivos de estágio. No estudo, que avaliou 7.219 alunos de níveis superior e médio, 28,8% perderam oportunidades por isso. Para corrigir as deficiências, universidades oferecem cursos de reforço.
Para a professora Cibele Yahn de Andrade, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, nivelar o ensino superior é necessário. Mas, para ela, o centro do problema está nos ensinos fundamental e médio. ?Não é possível superar essas deficiências acumuladas, de modo satisfatório, em curto prazo. São habilidades que deveriam ser adquiridas ao longo da vida escolar, na sequência de atividades de leitura e escrita diversificadas e com desafios crescentes.?
Fonte: Gazeta do Povo
Eu não tenho a menor dúvida de que o INEP corrige essas provas de forma relapsa.
É hoje uma política pública inflacionar os números do ensino superior brasileiro como o propósito de se vender a ideia de que temos uma grau satisfatório de formação universitária.
Não temos!
Chovem evidências da precariedade da formação dos nossos universitários e do descaso do MEC na na abertura e fiscalização das Instituições de Ensino Superior.
Graduados analfabetos funcionais é uma realidade incontestável hoje.
Vejam também:
?Pérolas? do Exame de Ordem revelam as deficiências do ensino jurídico
Aluno do ensino médio na escola pública sabe menos que o do fundamental na particular