Clima muito estranho dentro do CFOAB!

Sexta, 2 de fevereiro de 2018

Clima muito estranho dentro do CFOAB!

Acompanho a política da OAB já há alguns anos e confesso que nunca vi uma manifestação tão pungente referindo-se à própria OAB quanto a publicada hoje em carta aberta pelo atual vice-presidente do Conselho Federal da OAB, Dr. Luís Cláudio da Silva Chaves.

De forma aberta, e com todas as letras, ele disse que se avizinha uma guerra dentro da entidade. E o fez publicamente, após divulgar uma carta aberta para a classe, renunciando a sua candidatura para presidente do CFOAB:

"Frustrado e triste, mas consciente da minha responsabilidade, resolvi não encabeçar disputas porque não quero ser um dos protagonistas da guerra que se avizinha nas eleições da OAB. Já temos adversários demais nas violações ao estado democrático de direito."

Trata-se de uma afirmação muito forte, completamente destoante da discrição normalmente usada na política caseira do Conselho Federal da OAB.

Imagino que a sua insatisfação com a forma como a alta política da classe está sendo conduzida seja muito grande. Até onde eu sabia, o Dr. Luís Cláudio da Silva Chaves era o candidato natural a suceder o atual presidente, Dr. Cláudio Lamachia.

Dentro da lógica da entidade, em regra, o vice-presidente sucede o atual presidente.

Sua desistência foi inesperada. Algo de muito sério aconteceu para ele publicar uma carta com um tom tão forte.

A aludida guerra, presumo, não vai acontecer exatamente na votação para definir o futuro presidente do Conselho Federal. A guerra acontece nas seccionais, quando o futuro colégio eleitoral é escolhido.

Ou seja, as eleições de 2018 para as seccionais podem ser mais intensas do que de costume. Exatamente o que alimentaria a aludida guerra eu não sei, mas algo está no ar.

Leiam a carta:

"Colegas,

Vivemos momento difícil. Estamos na crítica fase do desencontro, da intolerância, do ódio.

Assim caminha o vale tudo nas eleições em outubro. A OAB deveria dar o exemplo nas suas disputas internas.

Estou na Ordem para somar e multiplicar. Ao lado de valorosos advogados e advogadas assim fiz em Minas Gerais.

Chegamos ao Conselho Federal com o mesmo propósito e determinação. Procurei ser leal com meus pares, íntegro nos meus passos e agregador. Batalhei, batalho e batalharei sempre pela advocacia, em qualquer posto e independente de cargos. Fui, com muita honra (mas despido de orgulho), cotado por muitos colegas para a sucessão presidencial da OAB. Minha intenção é sempre, com lealdade e respeito, como Pré-candidato, servir minha Classe.

Sempre encontrei na minha terra (Minas Gerais) apoio maciço (só tenho que agradecer). No âmbito nacional não encontrei alguns apoios que para mim eram certos e essenciais para pacificar uma candidatura de consenso, de união. A disputa se desenhou.

Poderia ir para disputa, mesmo porque são elas salutares e democráticas. Mas o momento, para mim, não é de dividir, pois nossa classe precisa de nós. Frustrado e triste, mas consciente da minha responsabilidade, resolvi não encabeçar disputas porque não quero ser um dos protagonistas da guerra que se avizinha nas eleições da OAB. Já temos adversários demais nas violações ao estado democrático de direito.

Quero exercer na PLENITUDE, se Deus quiser, o meu mandato de Conselheiro Federal e de Vice-Presidente da OAB até 31.01.2019, me colocando SEMPRE à serviço da advocacia e da cidadania."

Com informações do Migalhas.